A Apple, gigante da tecnologia, está prestes a passar por uma mudança em sua abordagem à distribuição de aplicativos, graças à pressão regulatória da União Europeia. O novo iOS 17.2 beta traz consigo evidências que indicam a possível chegada do “sideload” de aplicativos, uma prática que permitiria aos usuários baixar aplicativos de fontes externas à App Store.
O conceito do sideload
Antes de adentrar nas recentes descobertas, é essencial entender o que significa o termo “sideload” de aplicativos. Essa prática refere-se à capacidade de instalar aplicativos em um dispositivo a partir de fontes externas, em oposição à utilização exclusiva da loja oficial de aplicativos da Apple, a App Store. Até então, a Apple havia mantido um controle rígido sobre a distribuição de aplicativos em seus dispositivos, argumentando que isso garantiria segurança e qualidade aos seus usuários. Contudo, a União Europeia, com sua legislação antitruste, tem forçado a empresa a reconsiderar essa posição, abrindo as portas para uma possível revolução na distribuição de aplicativos.
Lei dos mercados digitais e a pressão regulatória
Em 2022, a União Europeia promulgou a chamada “Lei dos Mercados Digitais” (DMA), uma legislação antitruste destinada a conter o poder das grandes empresas de tecnologia. Uma das demandas centrais da DMA é que as empresas permitam que os usuários instalem aplicativos de fontes externas, um movimento que visa a aumentar a concorrência e a liberdade de escolha dos consumidores. A Apple, como uma das principais empresas desse setor, está sob forte pressão para aderir a essa mudança regulatória.
Rumo ao sideload de aplicativos
A mais recente versão beta do sistema operacional iOS, o iOS 17.2, traz uma novidade que está chamando a atenção: uma estrutura pública denominada “Distribuição Gerenciada de Aplicativos”. Embora, a princípio, tenha sido concebida como uma API para soluções de Gerenciamento de Dispositivos Móveis (MDM) voltada para instalação de aplicativos corporativos, análises mais aprofundadas sugerem que a Apple está trabalhando em algo muito mais ambicioso.
Essa nova API apresenta um endpoint de extensão no sistema, o que abre a possibilidade para que outros aplicativos desenvolvam extensões semelhantes. Além disso, foi identificado um direito até então inutilizado, que daria a aplicativos de terceiros a permissão para instalar outros aplicativos, o que poderia viabilizar a criação de lojas de aplicativos independentes.
Ela também inclui controles para baixar, instalar e atualizar aplicativos de fontes externas, bem como a verificação de compatibilidade com dispositivos e versões do iOS. Essas funcionalidades não apenas modernizariam as soluções MDM, mas também sinalizam um avanço significativo na direção do sideload.
Outro detalhe intrigante é a referência a um “bloqueio regional” na API. Essa característica sugere que a Apple poderia restringir a funcionalidade a países específicos, o que se alinha com a necessidade de cumprir as leis da União Europeia. Isso garantiria que o sideload seja habilitado apenas onde for legalmente exigido.
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Quando poderemos esperar a mudança?
O 9to5Mac informa que teoricamente, a Apple tem até março de 2024 para se adequar à legislação da DMA. A empresa já declarou em seu formulário 10-K que espera realizar mudanças que impactarão o modelo de negócios da App Store. Simultaneamente, a Apple está fazendo esforços para incluir a App Store na Lei dos Mercados Digitais, indicando sua disposição de lutar para manter o controle sobre a distribuição de aplicativos.
No entanto, a empresa está claramente se preparando para a implementação do sideload em algum momento futuro. Isso marcaria uma mudança significativa na política da Apple e abriria novas oportunidades para desenvolvedores e usuários.
