O órgão regulador de proteção de dados do Reino Unido, o Escritório do Comissário de Informação (ICO), está prestes a lançar uma investigação de grande escala para avaliar a segurança e a privacidade dos aplicativos de rastreamento de período e fertilidade. Essa iniciativa surge em resposta a preocupações crescentes levantadas por um número significativo de usuárias dessas aplicações.
Segurança em primeiro plano
A matéria da info security mostra que o ICO anunciou que já entrou em contato com os desenvolvedores de diversos aplicativos populares dessa categoria para solicitar informações detalhadas sobre suas políticas de coleta e uso de dados dos usuários. Além disso, o órgão regulador está convocando as próprias usuárias a compartilharem suas experiências e preocupações relacionadas a esses aplicativos.
Uma pesquisa recente conduzida revelou que a maioria das mulheres (59%) considera a transparência sobre o uso de seus dados e a segurança dessas informações (57%) como fatores primordiais na escolha de um aplicativo de rastreamento. Surpreendentemente, essas preocupações superam considerações como custo (55%) e facilidade de uso (55%).
Aumento de anúncios relacionados à fertilidade
Outro ponto preocupante destacado pelo regulador é o aumento notável na veiculação de anúncios relacionados à fertilidade e bebês direcionados às usuárias desses aplicativos. Embora alguns vejam esses anúncios de forma positiva, um expressivo grupo de 17% as descreveu como “perturbadores”.
Popularidade crescente dos aplicativos de fertilidade
Os aplicativos concebidos para auxiliar as mulheres no gerenciamento de seus ciclos menstruais e na tomada de decisões sobre a gravidez ou contracepção estão se tornando cada vez mais populares. O ICO aponta que aproximadamente um terço das mulheres no Reino Unido já utilizou algum desses aplicativos em algum momento.
Pontos-chave da investigação
Dentre as principais preocupações que serão abordadas na investigação do ICO estão:
- Políticas de Privacidade Complexas e Confusas: Muitas usuárias podem estar concordando com termos e condições sem compreender completamente as implicações, e a investigação visa avaliar se as políticas de privacidade são de fácil entendimento.
- Coleta Excessiva de Dados Pessoais: Alguns aplicativos podem estar solicitando ou armazenando volumes excessivos de informações pessoais das usuárias, levantando preocupações sobre o uso desses dados.
- Anúncios Direcionados Intrusivos: A veiculação de anúncios relacionados à fertilidade e bebês que causam desconforto será investigada para determinar se os aplicativos estão respeitando as preferências das usuárias.
Compromisso com a privacidade e transparência
Emily Keaney, vice-comissária de política regulatória do ICO, destacou a importância de garantir que as mulheres possam utilizar esses aplicativos com confiança. Ela enfatizou que a participação e o feedback das usuárias desempenharão um papel fundamental na identificação de áreas de melhoria e no reconhecimento dos benefícios que essas ferramentas oferecem às mulheres.
Keaney declarou: “Como ocorre com todos os aplicativos de saúde, esperamos que as organizações protejam a privacidade de seus usuários e estabeleçam políticas transparentes. Esta revisão visa avaliar tanto os aspectos positivos quanto negativos do funcionamento desses aplicativos. Assim que tivermos mais informações, consideraremos as próximas etapas, mas não hesitaremos em tomar medidas regulatórias para proteger o público, se necessário.”
Apelos à empresas desenvolvedoras
Em um comunicado relacionado, o ICO fez um apelo às empresas desenvolvedoras de dispositivos conectados, enfatizando sua expectativa de que essas empresas cumpram rigorosamente as leis de proteção de dados. A entidade reguladora destacou a importância da transparência no que diz respeito à coleta e uso de dados, bem como a necessidade de garantir que esses dados não sejam utilizados ou compartilhados de maneiras não consentidas pelos usuários.
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Busca pela transparência
Stephen Almond, diretor-executivo de risco regulatório do ICO, afirmou: “Para manter a confiança dos consumidores em seus produtos, as empresas precisam ser transparentes sobre quais dados estão sendo coletados e como eles serão utilizados. A ICO está desenvolvendo orientações específicas para dispositivos da Internet das Coisas, e agiremos de forma enérgica em casos de não conformidade com as regulamentações.”
Esse comunicado surge em resposta a um novo relatório da organização, que alertou sobre práticas excessivas de coleta de dados na indústria de dispositivos conectados. A expectativa do ICO é que essa advertência estimule as empresas a adotarem práticas mais responsáveis em relação à privacidade e proteção de dados.